Construtores

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Quando tinha os meus 7/8 anos costumava brincar uma série de terrenos baldios que havia junto do prédio onde vivíamos. Um deles era do outro lado da rua. Um dia, já devia ter os meus 10 anos, começaram a vedar o terreno. Do 6º andar
conseguíamos ir seguindo a evolução da construção. Levaram bastante tempo a retirar terra para fazer as fundações. E semana após semana a obra avançava. Uma coisa interessante é que todos os taipais que estavam à volta do prédio em construção só foram retirados quando a obra estava quase no fim – e já haviam portas.

Não sou perita em construção civil, mas uma coisa é certa, as nossas vidas estão todas em construção, não acham? Pensemos… desde que somos um pequeno feto na barriga da nossa mãe até ela dar à luz, estamos a desenvolver-nos, até estarmos aptos para sair. E depois disso, os nossos pais preocupam-se para que possamos crescer e nos desenvolver. E isso acontece pela vida toda até chegarmos à idade adulta.

Mesmo depois disso, continuamos a construir, a edificar. Espiritualmente, quando entregamos a nossa vida a Jesus começa um processo de transformação, de reconstrução, que o próprio Jesus disse que pode correr bem (se ouvirmos e obedecermos às Suas palavras) ou mal (se vivermos sem esses fundamentos).

Há um texto que nos últimos meses me tem feito pensar. Fala de construção…

“Sucedeu que, depois que o muro foi edificado, eu levantei as portas; e foram estabelecidos os porteiros, os cantores e os levitas. Eu nomeei a Hanani, meu irmão, e a Hananias, líder da fortaleza, sobre Jerusalém; porque ele era homem fiel e temente a Deus, mais do que muitos. E disse-lhes: Não se abram as portas de Jerusalém até que o sol aqueça, e enquanto os que assistirem ali permanecerem, fechem as portas, e vós trancai-as; e ponham-se guardas dos moradores de Jerusalém, cada um na sua guarda, e cada um diante da sua casa. E era a cidade larga de espaço, e grande, porém pouco povo havia dentro dela; e ainda as casas não estavam edificadas.” (Neemias 7:1-4, ACF, sublinhado da autora)

O povo hebreu que estava em cativeiro tinha regressado a Israel. Mas os muros de Jerusalém, com mais de 1 quilometro de extensão, estavam destruídos. Neemias é usado por Deus com a estratégia certa, mobilizando o povo para essa reconstrução. Em 52 dias a obra é acabada… mas repare no pormenor – não apenas construi mais vigiar essa construção, e manter as postas fechadas para que ninguém viesse destabilizar aquela reconstrução.

Estamos a edificar – a nossa vida espiritual, os nossos casamentos, as nossas famílias, as igrejas, os ministérios para os quais Deus nos chamou. Enquanto exercemos essa tarefa não deixemos que o Inimigo encontre brechas ou portas abertas para entrar. Nem nas ameaças diretas nem nas disfarçadas. Nem nas externas a nós nem nas internas - na nossa mente. Neemias não facilitou. Ele confiava em Deus? Sim! Mas sabia que era necessária uma vigilância da obra que estavam a concretizar, segundo a direção de Deus, e essa vigilância era da sua responsabilidade. É por isso que não basta orar. É preciso vigiar. Enquanto edificamos.

Ana Ramalho Rosa

In Novas de Alegria, junho 2021  

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