Feridas ou cicatrizes?

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Qual a diferença entre feridas ou cicatrizes? As feridas são rasgos abertos, propensos a infeções se não forem devidamente tratados. As cicatrizes são as marcas que ficaram depois das feridas fecharem. Os sinais que permaneceram. As lições que se escreveram na pele, no coração, na memória.

Quando olhamos para as cicatrizes lembramos que já foram feridas e cortes. Cicatrizes do tempo, da vida, das vertigens desencontradas no nosso momento de erro obscuro, do mal que entrou por outros na nossa fita, do plano desenquadrado que nos riscou, feriu, azedou... Mas que passou.

Algumas mágoas foram saradas com paciência e dependência, aos pés do Pai, em longas horas. Tempos de crescimento e maturação, nos quais Ele não apenas sarou o passado mais deu esperança para o futuro. Outras demoraram mais tempo, mas a graça e paciência do Pai, o Seu amor meticuloso e sábio, reparou o dano. A ferida fechou. Ficou a marca. O sinal. A lição. A cicatriz. 

Quando olhamos para Jesus, as Suas cicatrizes, vemos o Seu imensurável amor, a Sua justiça extravagante, a Sua santidade e fidelidade. O Seu amor por todos e a Sua morte por cada um, para que o todo e cada um fosse justificado. Ele foi fielmente até ao fim com o Seu plano de viver e morrer por mim, por ti, por todos os que O aceitarem.

Essas marcas Ele tem no Seu corpo foram as feridas de onde jorrou o Seu precioso sangue, até à última gota. São sinais clarividentes do preço imerecidamente pago pelo meu horrendo pecado. São a maior lição que deu à Humanidade: exemplo de amor, prova de graça, da Sua magnífica graça.

Poderia gritar aos quatro ventos que nunca lancei mão das armas do egoísmo, da teimosia, da superioridade para me defender, para atingir os outros. Estaria a mentir a bandeiras despregadas. Eu é que merecia o escárnio, o desprezo, a agonia, a condenação completa. Era eu. Eu merecia a cruz. Mas Ele foi no meu lugar. Foi, até à morte. Passou pelo processo que deveria ter sido o meu. Regressou com a vitória da vida. Vida eterna. Vida em abundância. Vida plena, não apenas para mim, mas para todos os que desejarem recebê-Lo como Salvador e Senhor.

A cruz e a tumba não são apenas os símbolos de uma época festiva que nos brinda o calendário. As Suas cicatrizes não contam apenas uma história. Elas são o argumento final que mudou e muda a história de todos os que desejarem ser marcados como filhos do Pai, com o selo insondável do Seu Espírito.

As Suas cicatrizes. A minha salvação.

Obrigada, Jesus.

Ana R. Rosa

in Novas de Alegria, maio 2022 (adaptado de texto originalmente editado na Novas de Alegria, abril 2012)

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