O semáforo

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o meu pai não é pastor. De facto, ele também traz luz às pessoas, mas de outra maneira!

O meu pai é electricista de profissão. É funcionário de uma empresa subcontratada para tratar de tudo quanto é iluminação pública, sistemas de fornecimento de energia e afins, numa determinada zona urbana (incluindo a montagem e desmontagem das belas luzes de Natal). 

Desde há algum tempo que a tarefa principal do senhor José Ramalho é andar a “inspeccionar” semáforos. De cruzamento em cruzamento, lá anda ele a tratar desses “amigos da segurança rodoviária”. Faz uma limpeza completa, verifica se há algum problema com as lâmpadas e/ou a sequência das três luzes. Para que o trânsito não seja afectado e os acidentes sejam evitados, o trabalho do meu pai é essencial.

Um semáforo descontrolado pode ser muito perigoso. O mesmo acontece quando temos as prioridades trocadas na vida. 

Se dermos importância apenas à opinião dos outros, para parecer bem, ser aceite ou não “ficar de fora”, é como ter um semáforo psicadélico sempre a mudar de cor, sem muito sentido, e às vezes com duas cores opostas ao mesmo tempo. Ficamos confusos. É um “pára-arranca” eterno ou então vamos andando sem uma direcção concreta. Acabamos perdidos no caminho e sempre à espera que alguém decida por nós. E a culpa, dizemos, é dos outros. De facto, é confortável, mas não nos leva a lado nenhum!

Se a nossa vida se resumir a ter tudo e todos centrados em nós, o mais provável é dar em acidente. Colocamos o nosso semáforo no verde, porque queremos fazer as coisas já, à nossa maneira, sem respeitar regras enquanto os outros semáforos seguem a sua sequência. Se calha estarem também no verde, batemos com toda a velocidade e toda a facilidade. 

O melhor mesmo, é chamar, não o meu pai, mas o nosso Pai. Ele e os dois "sócios” (o Filho e o Espírito Santo) têm as credenciais e o material para limpar e calibrar o semáforo das nossas atitudes e decisões. Podem ensinar-nos a conduzir com segurança pelo Manual do Trânsito da Vida (a Sua Palavra). Além disso, Ele conhece os outros semáforos, das outras estradas de vida. Ele sabe sempre o que é melhor para nós, mesmo que achemos, muitas vezes, que o vermelho demora imenso a passar (às vezes anos) ou que o amarelo intermitente seja um empecilho, por não nos permite avançar com a rapidez que gostaríamos. 

Mas há uma coisa que, nem Deus nem ninguém pode decidir por nós: se queremos [ou não] continuar com o semáforo das intenções e escolhas a precisar de peças, fios ou lâmpadas, quer seja para recuperação ou manutenção.

Não somos robots mas, pessoas com capacidade para pensar, sentir, agir, escolher. Deus respeita isso mas dá-nos ferramentas e recursos para o fazermos da melhor forma. Aliás, Ele tem a capacidade de causar um santo incómodo cá dentro, que nos atrai a Ele e a deixá-lo "reparar-nos" de fio a pavio. Talvez por isso O evitemos tanto: a Sua presença, Palavra e igreja quando estamos decididos a ignorar os princípios saudáveis que Ele estabeleceu quando nos criou.

Vemos o cuidado de Deus por aqueles que O seguem, estampado no Seu Livro. Querem um exemplo? “São pois estes os mandamentos que devem cumprir quando chegarem à terra onde passarão a viver. Foram dados directamente pelo Senhor nosso Deus a mim primeiro, para que os passasse depois a vocês. Se lhes obedecerem, comunicar-vos-ão sabedoria e inteligência.” (Deuteronómio 4:5-6a, versão “O Livro”)

E tu? Queres dar “sinal verde” a Deus?

Ana Ramalho Rosa


in revista Novas de Alegria, Dezembro 2010


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