A caminho da maturidade


Quantas vezes falamos de imaturidade? Esperamos que pessoas adultas tenham atitudes correspondentes à sua idade. Mas nem sempre isso acontece. As razões são muitas…

Tenho refletido nos últimos tempos acerca da maturidade (ou da falta dela). Como seres completos que somos a maturidade deve ser observada em todas as áreas da vida – porque de facto, quando somos salvos e entramos num processo de crescimento com Deus, Ele vai trabalhar no âmago do nosso ser – o nosso interior – e o resultado previsivelmente deve ser notório em atitudes, decisões, palavras, ações um pouco por todas as áreas da vida (leia-se Gálatas 5:22-23; Mateus 7:15-23; Efésios 4:21-24; 2 Coríntios 5:17).


IDADE (DE CRENTE) E MATURIDADE

“Muito mais teríamos a dizer sobre isto. Contudo, não é fácil explicar-vos estas coisas, pois têm-se tornado preguiçosos na vossa compreensão. Porque, pelo tempo, já deviam até poder ensinar outros. Em vez disso, precisam de quem vos ensine as primeiras coisas da revelação de Deus. Fizeram-se como criancinhas que só podem tomar leite e não alimento sólido. Quando uma pessoa se alimenta só de leite é como um bebé e ainda não está capaz de experimentar as coisas que a justiça de Deus exige. Mas o alimento sólido é para os que adquiriram maturidade e que, em resultado do exercício das suas faculdades, são capazes de distinguir o bem do mal.” (Hebreus 5:11-14, OL)

Neste texto percebemos que os anos de crente não são por si só uma garantia de maturidade no que toca ao conhecimento das Escrituras, por um lado. Por outro, retemos que a Palavra de Deus deve não apenas ser conhecida, mas vivenciada - os nossos comportamentos refletem a transformação produzida pelo Espírito Santo através da Palavra de Deus. Já somos adultos, devemos saber distinguir o certo e o errado, não o “nosso” certo e errado, mas a definição absoluta de Deus.

Não podemos ficar contentes. Não basta estarmos 'safos' do Inferno, satisfeitos e sentados na igreja. Pelo contrário, precisamos crescer - salvos, num processo de santificação, e a servir - neste caso, explicando a outros a Palavra de Deus. E depois, em consequência, teremos crentes maduros que serão 'parteiros', 'amas', 'educadores de infância', professores e mestres de outros.


DORES DE CRESCIMENTO

“Meus irmãos, considerem-se felizes, quando tiverem de passar por diversas provações. Porque se a vossa fé for posta à prova, tornar-se-á mais perseverante. Que ela resista pois até ao fim, e assim a vossa formação se completará, com uma conduta íntegra, e serão maduros espiritualmente” (Tiago 1:2-4, OL)

O crescimento espiritual não acontece instantaneamente, nem ao acaso ou por acaso. Além da bagagem de conhecimento bíblico e da nossa prática diária das disciplinas espirituais (oração, jejum, reflexão, etc.) quando chegam desafios - como lutas que põe à prova a nossa fé ou tentações em que precisamos chegar-nos a Deus e resistir ao inimigo - vamos a 'teste'.

Deus não precisa testar-nos porque Ele conhece tudo... Mas nós precisamos crescer e os problemas da vida, situações complexas, são uma maneira de ficarmos ali - nós e Deus, numa atitude de dependência – e isso gera crescimento, maturidade. E Ele está lá para agir como e quando quer. Por outro lado, somos levados a vigiar a nossa vida, porque o inimigo deixa armadilhas e tenta passar-nos rasteiras.

Orar + Vigiar + Confiar + Esperar = Aprender

Aprender + Aprender + Aprender…. = Crescer.

A maturidade não se aprende nos livros, mas na vida de dependência de Deus, assumindo a nossa responsabilidade no processo.


MATURIDADE E SERVIÇO

“Não convém que seja convertido há pouco tempo, pois pode deixar-se levar pelo orgulho e cair na mesma condenação em que incorreu o Diabo.” (1 Timóteo 3:6, OL)

Este texto fala da escolha dos líderes da igreja, mas contém um princípio que deve fazer-nos pensar. As responsabilidades que damos no serviço devem ser compatíveis com o crescimento e maturidade espiritual - quer de conhecimento, quer de experiência e caráter. Não nos iludamos - nesta lista que Paulo deixa a Timóteo acerca dos diáconos e presbíteros o que conta mais são aspetos de caráter que têm que ser provados com o tempo - e muito menos o jeito ou capacidade.

Somos de carne e osso, apesar de salvos, e com o passar do tempo, enquanto crescermos pela experiência, além do conhecimento, pela nossa prática de vida cristã, se as lições que falámos no ponto anterior forem bem aprendidas, teremos menos facilidade em deixar que a exposição ou responsabilidade acrescida nos subam à cabeça e levem ao orgulho, arrogância e... condenação. Pelo contrário, percebemos como dependemos de Deus, precisamos da ajuda de outros, e que servir a Deus é um privilégio que Ele nos dá e não um prémio pelos nossos bonitos olhos, a nossa performance ou o nosso carisma. Como um professor costumava dizer-nos “Carisma sem Caráter = Caos”. Esperar nunca fez mal a ninguém… Sem exagerar, claro.

Diria ao ler estes versículos no seu contexto que 'a pressa é inimiga da perfeição' e que 'Roma e Pavia não se fizeram num dia'. Não há cristãos maduros instantâneos, nem se fazem adultos espirituais pondo o novo convertido “5 minutos no micro-ondas”. Não…. Os métodos de Deus são o tempo, as circunstâncias, na companhia do Espírito Santo que nos guia enquanto oramos, lemos, refletimos, vivemos, aprendemos… crescemos.

Ana Ramalho Rosa

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